6 de jan. de 2012

O Perneta

Já disse e vou repetir: comer a mulher dos outros e não contar nada pra ninguém é a mesma coisa que fazer um gol de bicicleta num estádio vazio. Pois qualquer garanhão – e não seria eu quem estragaria essa tradição – trepa, mais para se vangloriar do que para provar a si mesmo que tem tesão e é bom de cama.
Pois estávamos eu e um velho parceiro de mesas de bar falando dessas coisas, quando ele empurrou com a mão direita a sua tulipa de chope para os arredores da minha e pousou a mão esquerda sobre meu braço, num movimento típico de quem quer fazer uma confidência.
Olhou para os lados, como quem procurasse uma dessas assombrações que, à miúde, saem dos sanitários dos restaurantes e, baixando a voz fez de meu ouvido esquerdo um pequeno estande, uma espécie de cubículo igual aqueles confessionários de igrejas católicas a dar com um pau:
- Garanhão, ando comendo a Marininha...
- A mulher do Milton Capenga?
- Shhh... Ela. Ela mesma.
- E daí, cara, qual é o problema?
- Daí que ele anda pra lá de desconfiado. Tenho medo que numa dessas, ele me pegue em flagrante.
- Grande coisa. O cara é manco. Ele é perneta, você sai correndo...
- E se ele for atleta paraolímpico?!?
MORAL DA HISTÓRIA – Se um lancezinho patife desses tem moral é aquela batida verdade popular: Quem tem... Tem medo.