3 de jul. de 2012

O Melhor do Ano

Um dia, faz tempo, coisa de 15 anos mais ou menos, recebi um prêmio de "Melhor Jornalista do Ano". Era de uma revista-relâmpago cujo nome deixo pra lá, pela efemeridade e por respeito à iniciativa. Editada por gente rica formada em jornalismo, durou uns dois ou três anos. A revista durou isso, não o prêmio...

Na noite da festa de entrega do troféu, no saguão do Grande Hotel, eu fui lá e entre canapés, refrigerantes - eu era abstêmio convicto na época - e uns aplausos de claque ocasional, cometidos por interessados em possíveis entrevistas no meu programa no SBT agradeci a homenagem. Fui rápido para não ser lulático:

- Obrigado pelo troféu. Ele me deixa feliz neste momento. E também me deixa triste porque sou jornalista há 34 anos e só agora sou eleito melhor do que os outros que até aqui, pelo visto, sempre foram melhores do que eu. Mais que triste, fico preocupado: se eu não for eleito o "melhor" no ano que vem, acho que vou trocar de profissão. Não admito dar pra trás em nada nessa vida. Obrigado pelo troféu... Ele é pesado demais para mim.

Deixei o troféu em cima de uma mesa onde rolava o coquetel. Pouco depois, saí de fininho. Nunca mais fui eleito o "melhor jornalista do ano".

MORAL DA HISTÓRIA - As boas intenções podem nos ferir a qualquer momento; até nas melhores ocasiões.